Hoje quero ir por um caminho diferente, então primeiro uma breve apresentação:
Oi, meu nome é Talissa Leonora, completei 15 anos não faz muito tempo e constantemente tenho questionamentos sobre os mais variáveis temas os quais passo para cá, não tentando lhe dar uma resposta, caro leitor que talvez tenha se perguntado o mesmo, mas sim para que reflita um pouco comigo por meio da minha lente e visão de mundo.
Acho que cada vez estou fazendo textos mais pessoais nesse app, apesar de querer muito escrever algo sem ser pessoal, sinto que esse tipo de texto soa melhor, por alguma razão.
Prosseguindo, como toda estudante do ensino médio, frequentemente me vejo encurralada naquela velha questão: O que você vai ser quando crescer?
Quer dizer, perguntar isso parece óbvio, faltam três anos para a escola terminar e escolher um curso ou profissão é o que se deve fazer no inicio da vida adulta.
Porém, não é por essa razão somente que vim aqui me “expressar”.
Eu, como uma garota bem adaptativa e curiosa gosto e acho muitas coisas interessantes. Então ao longo da minha singela existência nesse mundo já pratiquei diversos hobbies, desde teclado a balé, um curso de modelo a escrever um livro, pintar quadros a natação.
Tantas possibilidades que foram enterradas ao longo do tempo.
E provavelmente ainda terão mais que virão.
Sabe, eu nunca senti aquela faísca, aquela certeza que algo era pra mim. De que de fato eu fazia alguma coisa tão bem que eu poderia trabalhar com aquilo, admirada.
Mesmo que as pessoas falem diversas vezes de que eu sou boa de fato em, por exemplo, escrever, nunca me senti verdadeiramente boa de fato.
Talvez isso seja da minha natureza, talvez eu seja preguiçosa de mais pra correr atrás de mais e mais possibilidades até que uma se encaixe em mim tão perfeitamente que meu vazio interno por uma habilidade que até então desconheço seja satisfeita.
Pra mim palavras nunca foram um hobbie ou uma distração, pra mim palavras sempre foram uma tentativa de decifrar a alma das pessoas - e a minha própria - uma esperança infantil de que ao faze-lo o mundo se abrisse e eu aprendesse mais sobre mim, sobre o que eu quero o que sou boa, o que penso e o que eu deveria fazer com toda a pressão colocada em mim que eu nem se quem colocou?
Eu tenho sonhos recorrentes nos quais eu sou enforcada e acordo com as mãos sobre meu próprio pescoço. O meu professor de filosofia deu uma aula sobre o tema sonhos e decifrou alguns dos quais perguntamos a ele, inclusive falei desse.
Ele simplesmente disse que precisava falar sério comigo, pois isso provavelmente significava que eu estava imersa de problemas os quais eu mesma tinha criado na minha e mente e talvez se quer existissem de fato.
Eu realmente tenho feito isso comigo mesma?
Todas as minhas amigas já sabem a séculos o que querem ser.
E eu continuo sendo a garotinha que no mesmo ano disse querer ser astronauta e paleontólogo. Que já quis ser maquinista de trem, freira, jornalista, advogada, pesquisadora, professora, pintora, diplomata e entre tantas, tantas outras.
Eu me odeio por mudar de ideia o tempo todo. Me odeio por estar chorando ao escrever isso. Me odeio, por que me odiar ainda parece mais fácil do que descobrir algo que eu seja boa o bastante pra fazer a vida toda.
Eu penso com tanta frequência sobre isso, já cheguei a chorar na escola muitas vezes quando falaram sobre isso na sala.
É que as vezes eu acho que penso grande demais e depois me deparo com o mundo pequeno e me assusto.
Em quanto estão falando sobre o que querem ser, eu estou pensando em como eu gostaria de ter uma vida livre de tudo, viajando por aí, ajudando as pessoas e derre pente meu sonho parece tão bobo. Tão infantil.
Por que talvez seja.
E eu meio que já me conformei com isso.
Eu tenho tantos sonhos, tanta ambição, mas nenhuma certeza. Nenhuma habilidade extraordinária, um dom natural ou um desejo enorme.
Eu tenho sonhos tão específicos sobre como gostaria de viver minha vida que me assusta.
E, sim, no plural.
Por exemplo, se eu fosse uma escritora, gostaria de viver em um apartamento apertado, mas com uma vista que compensasse. Provavelmente mudaria de lugar ou cidade com frequência usando como desculpa que minha criatividade se esvaiu. Teria um tipo de café favorito e alguma coleção de edições de meu livro favorito. Viveria solteira pra sempre e me orgulharia disso.
Sabe, eu detesto textos que soam como um desabafo e no final vem com uma solução. Provavelmente é mais algo meu, mas eu sinto que para de soar verdadeiro e passa a se parecer mais com coach motivacional.
Eu simplesmente sinto que não quero uma solução racional pra um problema tão interno e emocional. Eu estou lendo por que sinto que preciso olhar pra dentro de mim com olhos de outra pessoa, rever significados e não racionalizar. Eu sei que eu vou acabar, no fim dia, racionalizando minhas emoções.
Mas, eu volto ao principal, sempre me perguntei como as pessoas sabem desde pequenas o que querem ser quando crescerem. Os pais falaram desde pequenos com vocês sobre isso? Realmente tem vocação?
Eu sempre quis saber muitas coisas ao mesmo tempo. Sempre trabalhei com a ideia de ver o mundo como possibilidades infinitas, de ver cada situação como a ramificação pra outros caminhos. Apesar de que a minha - até que - frequente positividade as vezes distorça a minha visão destas pra só aquelas que são boas.
Toda vez que eu paro de pensar ou de imaginar sinto que começo a viver no automático, como se não fosse mais eu mesma controlando minhas ações.
Cada vez mais que eu escrevo, eu sinto que eu deveria parar de escrever. Parece que estou colocando expectativas em algo infrutífero, assim como fiz com todos os meus hobbies ao longo do tempo.
Talvez eu esteja mesmo perdendo tempo.
Eu sempre me desvio do tema que pretendo falar, acabo confundindo o leitor e fazendo o texto ficar bem ruim.
Ou talvez eu exagere na minha própria analise.
Ou possa ser verdade.
Então, Talissa, isso é praticamente uma carta aberta falando que você vai parar de escrever?
Talvez.
Por favor, não esperem muito de mim. Eu sou uma garota confusa tentando nomear as coisas e que usa adjetivos demais.
Eu nunca servi pra fazer algo por muito tempo mesmo.
Mas se essa for a última vez, e você estiver lendo isso, quero que saiba que foi divertido em quanto durou.
Do meu diário pra um site, de um site…pro mundo?
- Talissa Leonora